Pediu‑me o amigo Luís Amante para lhe prefaciar este seu
primeiro livro de poesia: Conexões.
Fez‑me prova de toda a sua confiança e não se deixou abalar perante a minha
natural hesitação, própria de quem é inadvertidamente colocado perante uma
tarefa nunca antes realizada. Aceitei, contudo, em expressão genuína de correspondência
e de apoio a esta manifestação literária da sua sensibilidade, consubstanciada
nas impressões de leitura que este livro me provocou.
A
primeira leitura das Conexões faz‑se
de um só fôlego. A atmosfera emocional que envolve o leitor é a de uma
fragrância de autenticidade que se exala do âmago do autor. Adivinham‑se, nestes
poemas, as paisagens, os aromas, as tradições e as épocas de um Portugal
interior, de uma época não muito recuada, mas tão distante da compreensão e do
conhecimento da vida actual. Refiro‑me a Penacova, terra onde nasceu, no
distrito de Coimbra: é preciso conhecê‑la e respirá‑la através da mão do poeta.
Do poema «Penacova»: «[…] Abre‑se a paisagem do Rio Mondego / Logo na curva
bonita e enfeitiçada do Caneiro / E perpassa por nós um calafrio / Quando se vê
aquele presépio presenteiro // As margens do rio fecham‑se / O silêncio reina /
As águias vigiam‑se / E a lampreia, quase esgotada, teima, teima // Acácias em
flor / Maios sem dor / Choupos altos e contentes / Milheirais verdes e
reluzentes // Na Rebordosa, como quem vai para o Lorvão / Tocam baixinho os
cavaquinhos / Aperta‑se‑nos o coração / E resgatam‑se à natureza os
viveiros dos peixinhos// […]».
Editora: Colibri
Tema: Poesia
Ano: 2016
ISBN 9789896895631
Tema: Poesia
Ano: 2016
ISBN 9789896895631
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